terça-feira, 29 de junho de 2010

Evento Brasileiro Educação Especial - 2010



O IV Congresso Brasileiro de Educação Especial / VI Encontro Nacional dos Pesquisadores da Educação Especial é uma proposta conjunta da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial – ABPEE, e do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial – PPGEES da Universidade Federal de São Carlos- UFSCar, que consideram que o evento é uma ação importante para estimular a produção científica nessa área, divulgar o conhecimento que vem sendo produzido, promover o intercâmbio entre pesquisadores e profissionais, e atender a demanda emergente por novas práticas decorrente da diretriz política educacional de inclusão escolar adotada pelo país.

Histórico

A ABPEE, foi criada em 13/08/1993, na cidade do Rio de Janeiro e conta atualmente com cerca de 350 afiliados. Trata-se de uma sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos, que tem por objetivo congregar pesquisadores da área de Educação Especial, promover ou apoiar conclaves científicos, cursos de aperfeiçoamento e especialização, em parceria com universidades; e manter um veículo de publicação visando à disseminação e a socialização do conhecimento científico na área de Educação Especial.

Em 1992 a ABPEE criou um periódico da área, a Revista Brasileira de Educação Especial, que sofreu alguns atrasos na periodicidade no início, mas que posteriomente, estabeleceu sua regularidade a partir de 2001, sendo atualmente classificada no Qualis/CAPES, com o conceito periódico A2. A partir da regularização de seu periódico, a ABPEE ao completar seus 15 anos de existência, ousou investir em novas metas e promoveu, juntamente com o PPGEES da UFSCar, seu primeiro evento científico de âmbito nacional, que foi o I Congresso Brasileiro de Educação Especial realizado em 2003.

O histórico do PPGEES de promover eventos na área de Educação Especial teve seu início em 1982, com a realização do primeiro da série denominada “Ciclo de Estudos sobre Deficiência Mental”, que era a princípio um espaço interno de intercâmbio interno entre alunos e docentes. Durante a década de 80 os ciclos passaram a atrair cada vez os mais pesquisadores e profissionais da área, de todo o país, o que denunciava a falta de espaços suficientes para discussões sobre a Educação Especial nesse período.

Atendendo a demanda constatada, o PPGEES optou por socializar o evento, e os “Ciclos de Estudos sobre Deficiência Mental” passaram a se configurar num importante espaço para o intercâmbio científico no país. Embora a relevância dos eventos científicos em Educação Especial tenha se ampliado ao longo dos anos, a partir da 8ª versão do ciclo, realizada em 1995, o PPGEES teve dificuldade em obter financiamento das agências e a organização dos ciclos teve que ser temporariamente suspensa.

A partir de 2003, a ABPEE e o PPGEES, se uniram para recuperar o espaço de intercâmbio científico específico na área, e juntos promoveram O I , o II e o III Congresso Brasileiro de Educação Especial/I Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial, todos realizados no campus da Universidade Federal de São Carlos, em 2003, 2005 e 2008, respectivamente.

Os resultados da última edição deste evento em 2008 foram:

1.Uma programação de atividades contendo: 1 Conferência de Abertura, 16 Mesas-Redondas; 8 Simpósios, 83 Sessões de Comunicação Oral, 2 sessões de apresentação de pôsteres, 3 sessões de exibição de vídeos-documentários, 43 mini-cursos, e lançamento de 23 livros de pesquisadores de diversas partes do país e de dois periódicos científicos;

2.Apresentação de 790 trabalhos (347 de comunicação oral, 262 pôsteres científicos, 52 pôsteres 170 e 11 vídeos-documentários);

3.Participação de 82 pesquisadores convidados, de 38 diferentes universidades;

4.Publicação de um livro de programa e de resumos dos trabalhos aprovados para a apresentação;

5.Publicação de um CD contendo todos os trabalhos completos aprovados para a apresentação na íntegra.

6.Inscreveram-se no Congresso 1456 participantes, sendo 64 % destes profissionais ligados às universidades (docentes, estudantes de graduação e de pós-graduação). Os demais eram professores da rede regular ou de escolas especiais (23%) e profissionais liberais (13%). Entretanto, dos 1496 inscritos compareceram de fato ao congresso 1290 deles, que somados aos 85 convidados, 170 pareceristas e 97 alunos monitores (graduação e pós graduação), perfizeram um total de 1642 pessoas participantes do congresso. Em relação à proveniência dos participantes, cerca de metade deles eram do Estado de São Paulo (52%), e o restante de, mas houve representantes de 24 outros estados

Ressalta-se ainda que se encontra em preparação um livro contendo os trabalhos completos de pesquisadores convidados que deverá ser lançado por ocasião do IV CBEE.

Assim, tendo em vista os resultados da terceira versão do evento, a comissão organizadora concluiu que os objetivos do evento foram plenamente atingidos, uma vez que os resultados superaram as expectativas iniciais, e que de fato, o congresso se constituiu de fato num importante fórum de intercâmbio entre profissionais que atuam em Educação Especial (pesquisadores, políticos e prestadores de serviços), que puderam debater questões que viabilizassem formas de pensar e agir com maior eficiência nesta área. Mais do que isso, o sucesso do evento demonstrou que a área continua carecendo de um espaço próprio para divulgar e debater suas produções científicas, que vem crescendo vertiginosamente nos últimos anos. Tendo atestado a importância de eventos científicos específicos, para além da inserção nos eventos mais gerais que compreendem a área da Educação como um todo, o congresso sedimentou a base para a continuidade desse tipo de iniciativa.

O objetivo geral do evento do III Congresso Brasileiro de Educação Especial será o de promover um fórum próprio para a área de intercâmbio entre profissionais que atuam em Educação Especial (pesquisadores, políticos e prestadores de serviços) para debater questões que viabilizem formas de pensar e agir com maior eficiência nesta área.

O programa do evento prevê a realização de simpósios, mesas redondas e mini-cursos, planejados com o propósito de tentar atender às diferentes expectativas e necessidades dos diferentes profissionais da comunidade acadêmica e profissional da área de Educação Especial.


Comissão Organizadora

sábado, 26 de junho de 2010

Escola adapta aula de educação física para deficientes

Alunos de escola da zona sul de São Paulo participam de todas as atividades na aula, mesmo com limitações físicas

Carolina Rocha, iG São Paulo

25/06/2010 18:12
 
Atender às necessidades de todos os alunos e descobrir suas potencialidades são os grandes desafios do professor. “Eu não gosto de ver ninguém parado. Se vejo alguém desanimado já coloco para fazer alguma atividade e vou observando para perceber o que ele gosta de fazer para estimular”, diz a professora de educação física do Colégio Adventista de Interlagos, na zona sul da capital paulista, Maria Conceição Moreira Lopes.
 
Dessa forma, descobriu que um de seus alunos, que detestava jogos coletivos com bola, era ótimo para provas de atletismo; viu que um estudante alto era péssimo em basquete, mas era tão bom em vôlei que agora, aos 17 anos, já ganha R$ 3 mil em um clube para jogar profissionalmente.
 
Mas em 2005, Maria da Conceição encontrou um desafio diferente: fazer toda a sua classe do 5º ano se adaptar às limitações da aluna Mônica Guimarães, portadora de deficiência motora, causada por hemorragia cerebral ocorrida no nascimento prematuro, aos seis meses de gestação da mãe.
 
Mônica, desde que chegou à escola, nunca deixou de participar das atividades em quadra. “A professora sempre me incluiu em tudo. Quando era futebol, eu jogava com a muleta e ela me segurava por trás, para não cair. Ela e os meus amigos ajudavam a empurrar a cadeira para eu jogar basquete. Era eu quem sacava no vôlei, nunca fiquei de fora de nada”.
 
A adaptação da aula foi gradual. Para o basquete, no ínicio, foi usada a bola mirim, mas em pouco tempo a oficial foi adotada. Com o vôlei, a bola de EVA (material leve, semelhante a um emborrachado) facilitava o saque. No futebol, Mônica era a única que podia usar algo além do pé. “Eu podia chutar com a muleta”, conta.
Foto: Carolina Rocha, iG São Paulo
 
 
Maria Conceição joga partida de basquete com os alunos


A aluna enfrentou apenas um obstáculo: o ciúme de alguns colegas que achavam que ela recebia mais atenção que o resto da classe. Para resolver esse problema, Maria da Conceição levou a todos para ver uma realidade mais impactante ainda que as limitações de Mônica. “Eu levei a classe toda para conhecer a AACD (Associação de Assistência da Criança Deficiente). Eles viram casos mais difíceis, como um garotinho que precisava de um skate para se locomover, pois não tinha pernas. Eles ficaram bastante tocados e entenderam melhor a situação da Mônica”, lembra.

Adaptação precoce

Maria da Conceição, neste ano, tem mais dois alunos com limitações. Dudu, do 3º ano, tem atraso cognitivo, mas sem deficiências físicas. Recebe a ajuda dos amigos para fazer as atividades e eles, segundo a professora, “nem percebem que estão fazendo algo adaptado”. “Todo mundo participa, leva o Dudu para cá, para lá e nem percebe que a aula está diferente".

Outro caso é o de Márcio, do 2º ano, deficiente auditivo. Com ele, Maria da Conceição teve uma experiência diferente. “Disseram que o aluno não ouvia nada, mas eu apitava durante a aula e ele virava para ver. Achei estranho e falei para a mãe, que o levou para fazer mais testes e descobriu que tem um pouquinho de audição. Hoje o Márcio usa aparelho nos dois ouvidos e consegue ouvir alguns sons”.

Como a deficiência do aluno não o impede de praticar qualquer exercício, Maria da Conceição precisa apenas passar as instruções das atividades com ele posicionado à sua frente e confirmar se ele entendeu tudo o que ela disse, sem necessidade de adaptação.

Exceção

Pesquisa realizada pela professora de educação física Marcia Greguol Gorgatti para sua tese de doutorado mostra que as escolas do sistema regular não estão preparadas para atender alunos com deficiência física.

A pesquisa mostra também que 48% dos professores não gostam de receber alunos com deficiência, pois se sentem despreparados para atender as necessidades especiais destes alunos.

Maria da Conceição se deparou com um problema deste tipo na escola. Em 2004, o colégio contava com a presença de um aluno cadeirante, Denis, que participava da aula apenas apitando as partidas em que os amigos atuavam.

“Um dia, estávamos fazendo uma atividade no pátio, a minha turma e a do professor que tinha este aluno com deficiência. O exercício envolvia uns colchões e começamos a brincar de colocar um aluno deitado neles para que dois carregassem. A gente pegou o Denis e carregou pelo pátio inteiro. Foi uma diversão enorme para ele, que nunca tinha participado de nada”, lembra.

Depois desse episódio, o professor de Denis passou a envolvê-lo nas atividades e, no ano seguinte, foi a vez de Maria da Conceição receber Mônica e aprender com ela. “Eu fiz vários cursos, sempre que a coordenadora pedagógica descobre um relacionado a trabalho com crianças especiais eu vou, mas a gente aprende muito com eles também.”

Fonte:

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Professores não sabem identificar aluno com necessidades especiais

06.06.2010 - 13:52 Por Samuel Silva

Estudo da Universidade do Minho conclui que a Classificação Internacional de Funcionalidade prejudica alunos e não deveria ser usada nas escolas.

Ministério usa Classificação Internacional de Funcionalidade
para identificar alunos da educação especial (Rui Gaudêncio)

O uso da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) como forma de avaliar os alunos com necessidades educativas especiais pode causar mais danos do que benefícios aos estudantes. O alerta é de Luís Miranda Correia e de Sónia Lavrador, investigadores do Instituto de Educação da Universidade do Minho, num estudo sobre a aplicação deste método para avaliar as crianças com necessidades educativas especiais permanentes.

Para Luís Miranda Correia, uma das principais vozes contra a aplicação da CIF nas escolas, esta "não passa de uma classificação sem qualquer mérito científico em educação, uma vez que não existe investigação fidedigna que aconselhe o seu uso". Durante um ano, os investigadores acompanharam a aplicação da CIF junto de 21 inquiridos: sete professores do 1.º ciclo, sete da educação especial e sete psicólogos de sete escolas do distrito de Vila Real.

"O uso da CIF causa mais danos aos alunos do que lhes traz benefícios", afirma Miranda Correia, depois de analisar os resultados. O autor defende que enquanto não existir investigação fidedigna que aconselhe o uso deste instrumento, ele não devia ser usado, considerando que o Ministério da Educação cometeu "um grave erro" ao aprovar a sua utilização.

No inquérito, foi pedido aos participantes que analisassem um caso de um aluno à luz da CIF - o caso é o mesmo que a tutela utilizou na formação de professores. Os resultados foram "díspares", "consubstanciando uma heterogeneidade de posições que aparentam um comportamento aleatório quanto à escolha das opções", revela.

Os dados "parecem levantar suspeitas sobre a credibilidade das respostas e sobre a inconsistência e inexperiência no que respeita aos saberes que levam a um processo eficaz de atendimento dos alunos", diz o estudo: 66 por cento dos inquiridos entendem que a CIF não permite determinar a elegibilidade de um aluno para os serviços de educação especial; 75 por cento afirmam que este método não devia servir de base à elaboração do programa educativo especial para cada aluno com necessidades educativas especiais.

Mais de metade dos inquiridos diz não ter recebido formação sobre a utilização da CIF, apesar de mais de 75 por cento terem utilizado a classificação mais de 11 vezes nos dois últimos anos lectivos. Entre os agentes educativos que participaram no estudo, 43 por cento consideram o instrumento eficaz e pouco confuso, embora para 71 por cento este seja subjectivo.

Em Janeiro de 2008, o ministério alterou a forma como os serviços de educação especial eram prestados. Esta foi alvo de críticas de professores, especialistas e associações de pais, especialmente devido à utilização da CIF - criada por Rune J. Simeonsson e adoptada pela Organização Mundial de Saúde - como base para a avaliação dos alunos que devem ser incluídos no ensino especial e também como instrumento para a elaboração dos seus planos educativos.

No início do ano passado, o ministério encomendou uma avaliação externa à aplicação da CIF - que ainda não está concluída -, convidando Rune J. Simeonsson e Manuela Sanches Ferreira, da Universidade do Porto, para a coordenar. Contactada, Manuela Sanches Ferreira não comenta o estudo do Minho.

Fonte: