sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dia da Consciência Negra: 20/11

Zumbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil
Zumbi, símbolo da
resistência negra

Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data - transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em 1978 - não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.

O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.

Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.

Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.

O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo.

Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares.

Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.

Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.

Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.

“Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.

Fonte: Dpnet.com.br
O Dia On-Line
Feranet21.com.br

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Inclusão Escolar

Ensino
Alunos especiais não têm atenção adequada

Grazielle Santos
Belo Horizonte

“Durante minha trajetória na rede estadual de ensino, tenho percebido uma inerente dificuldade das instituições educacionais para lidar com ‘alunos de inclusão’. Trabalhei em escolas que atendiam muitos com autismo, síndrome de Down, surdos, mudos e com graves problemas psicológicos, que, enturmados normalmente, não recebiam atendimento especializado, uma vez que os professores de escolas regulares não são capacitados para lidar com uma situação dessa natureza, sem orientação alguma para trabalhar com esses alunos, que se veem obrigados a se adaptar a salas superlotadas e heterogêneas, impossibilitando ao professor qualquer tentativa de trabalho individualizado rumo à inclusão social. Os argumentos dos defensores dessa causa são de que não podemos discriminálos, encaminhando os a salas ou escolas especiais, pois perderiam a oportunidade de socialização, vindo a afetar o seu processo cognitivo. Um adolescente com síndrome de Down é completamente diferente de um com autismo. Muitos deles poderiam ter um desenvolvimento muito melhor, se tivessem um acompanhamento mais próximo, com pessoas qualificadas e o espaço físico da escola com arquitetura e equipamentos mais adequados. Isso seria uma forma de inclusão? Que inclusão é essa que tanto segrega e oferece péssimas condições de aprendizagem a esses discentes? Creio que isso é mascarar a verdadeira situação dos alunos de inclusão, impondo a eles mais uma exclusão propriamente dita do que o real processo de inclusão.”
Fonte: Jornal Estado de Minas/CARTAS/Espaço do leitor/17-11-2009